Produção volta a cair em março e indústria termina 1º trimestre estagnada

A produção da indústria brasileira caiu 0,1% em março frente a fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou nesta quinta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o resultado de fevereiro foi revisado para alta de 0,1%, ante avanço de 0,2% divulgado anteriormente.

Após um tombo de -2,2% em janeiro, a indústria nacional manteve estabilidade em fevereiro e março, encerrando o primeiro trimestre estagnada, na comparação com o trimestre anterior, o que segundo o IBGE reflete um quadro redução do ritmo de recuperação do setor.

“É como se a indústria em março estivesse no patamar de janeiro”, afirmou o gerente da pesquisa André Macedo.

Mais uma vez, o resultado veio abaixo do esperado pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,6% na variação mensal e de 3,3% na base anual.

Segundo o IBGE, a perda de fôlego da indústria se deve, em grande parte, ao recuo na produção de bens intermediários, tanto na comparação com fevereiro (-0,7%) quanto no confronto com março de 2017 (-0,2%).

Os bens intermediários correspondem a cerca de 60% da indústria nacional e incluem as matérias-primas da própria indústria, com destaque para commodities como minério de ferro e petróleo, celulose, açúcar, derivados da soja, produtos da metalurgia, adubos e fertilizantes, além dos biocombustíveis e produtos do refino do petróleo.

Alta de 1,3% na comparação anual

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, entretanto, a indústria cresceu 1,3%, 11ª taxa positiva consecutiva e a menor desde junho de 2017 (0,8%). O resultado, entretanto, ficou abaixo do de março do ano passado, quando houve alta de 2% na comparação anual. Em março de 2016, houve queda de 11,3%.

 Em 12 meses, a produção industrial tem crescimento de 2,9%, repetindo o resultado de fevereiro. “Com esse resultado, a produção industrial encontra-se 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, destaca o IBGE.

No acumulado no ano, a indústria acumulou alta de 3,1% em 2018, a maior variação para os 3 primeiros meses do ano desde 2010, quando foi de 17,2%. O resultado do 1º trimestre, entretanto, foi menor que o do trimestre anterior, quando ficou em 4,9%.

Produção estagnada no 1º trimestre

Já na comparação do 1º trimestre com o 4º trimestre do ano passado, a produção ficou estagnada. “Fazendo o cálculo, a variação foi de zero”, disse Macedo.

Segundo Macedo, a pesquisa enfatiza que a indústria mantém uma recuperação em ritmo lento e gradual. Conjunturalmente, ele avalia que é preciso haver uma melhora consistente do mercado de trabalho para alavancar maior recuperação do setor industrial.

“A consolidação de um ritmo mais intenso dessa produção está diretamente relacionada a um aumento da demanda doméstica”, destacou o pesquisador.

Recuperação lenta

O Brasil vem mostrando dificuldade em engatar um ritmo consistente de recuperação no início deste ano, mesmo em um ambiente de inflação e juros baixos, o que afeta os consumidores em meio ao desemprego ainda elevado.

Os resultados de atividade econômica em fevereiro vieram abaixo do esperado pelo mercado, levando analistas a revisarem para baixo as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, para 2,75%, segundo a última pesquisa focus do Banco Central.

Indicadores de abril já mostraram que esse cenário econômico não deve ter mudado, ao mostrarem deterioração generalizada da confiança no Brasil, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), acendendo sinal de alerta sobre a atividade no início do segundo trimestre.

Produção industrial em março, por ramo de atividade, na base de comparação anual (Foto: Divulgação/IBGE)Produção industrial em março, por ramo de atividade, na base de comparação anual (Foto: Divulgação/IBGE)

Produção industrial em março, por ramo de atividade, na base de comparação anual (Foto: Divulgação/IBGE)

Segundo o IBGE, na passagem de fevereiro para março de 2018, 14 dos 26 ramos pesquisados mostraram taxas negativas, com destaque para os recuos registrados por bebidas (-3,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,2%), produtos de metal (-3,2%), produtos de madeira (-6,1%) e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-2,7%).

A produção de bens intermediários recuou 0,7% e marcou o terceiro mês seguido de queda. Por outro lado, os setores produtores de bens de capital e de bens de consumo duráveis tiveram alta de 2,1% e 1%, respectivamente, com ambos apontando dois meses consecutivos de crescimento na produção.

Já o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis cresceu 0,2%, revertendo a perda de 0,8% registrada em fevereiro.

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