Inflação oficial acelera e fica em 0,22% em abril, diz IBGE.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,22% em abril, registrando uma aceleração em relação aos 0,09% de março, segundo divulgou nesta quinta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado no ano está em 0,92%, o menor nível para os 4 primeiros meses do ano desde a implantação do Plano Real, e 1994.

Em 12 meses, a inflação acumulada subiu para 2,76%, depois de registrar 2,68% nos 12 meses imediatamente anteriores. Mesmo assim, segue bem abaixo do piso da meta do Banco Central, que é de 3%, mantendo aberto o espaço para o Banco Central seguir com os planos de cortar mais uma vez os juros básicos, atualmente em 6,5% ao ano.

“Já são dez meses em que a taxa tem estado abaixo de 3%”, destacou o gerente de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves. “Metade do índice ficou com saúde e cuidados pessoais. O maior impacto foi dos medicamentos”, resumiu.

IPCA em abril:

  • Taxa no mês: 0,22%
  • Acumulado no ano: 0,92%,
  • Acumulado em 12 meses: 2,76%

Projeções e meta do Banco Central

O resultado de abril ficou abaixo do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,28%, acumulando em 12 meses alta de 2,82%.

A expectativa do mercado para a inflação em 2018 ficou estável em 3,49% na semana passada, segundo última pesquisa focus do Banco Central. O percentual esperado pelos analistas continua abaixo da meta que o Banco Central precisa perseguir para a inflação neste ano, que é de 4,5%. Entretanto, está dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema, que considera que a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 6,5% ao ano.

Com a inflação persistentemente fraca, a expectativa o mercado é de novo corte de 0,25 ponto percentual no encontro da próxima semana.

A recente pressão cambial, com o dólar chegando ao patamar R$ 3,60, chegou a reduzir no mercado de juros futuros as apostas em nova flexibilização, mas nesta semana o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a recente escalada do dólar é normal em relação ao que vem ocorrendo no mundo e que “o importante é saber o que se tem que olhar num regime de metas da inflação”.

A moeda norte-americana mais cara tem potencial para pressionar a inflação, entretanto analistas consideram que a disparada vista nos últimos meses deve ter pouco impacto sobre a inflação deste ano, dada as dificuldades da economia para engatar ritmo forte. 

Saúde lidera alta de preços

O grupo “Saúde e cuidados pessoais” teve a maior variação no mêsl (0,91%), respondendo por metade do IPCA de abril, com destaque para remédios (1,52%) e plano de saúde (1,06%). “Os medicamentos refletem o reajuste anual que passou a valer a partir de 31 de março, variando entre 2,09% e 2,84%, conforme o tipo de medicamento”, destacou o IBGE.

Os alimentos registraram alta de 0,09% em abril. De acordo com o IBGE, enquanto consumo no domicílio passaram a subir 0,27% após queda de 0,18% em março, a alimentação fora de casa registrou queda de 0,22% depois de alta 0,52% no mês imediatamente anterior.

“Repetindo uma boa safra como no ano passado, a gente vai ter a alimentação segurando bastante o índice, já que os alimentos têm um grande peso na inflação”, disse Gonçalves. Segundo o pesquisador, o índice de 0,09% para o grupo de alimentos foi o menor para um mês de abril desde 2007, quando ficou em 0,03%.

Os preços do grupo “Habitação”, tiveram alta de 0,17%, puxada pela energia elétrica (0,99%) devido aos reajustes nas tarifas em cinco das 13 regiões pesquisadas.

Já o preço do gás de botijão, que vinha pressionando a inflação nos últimos meses, recuou 0,02%. No dia 5 de abril, a Petrobras anunciou redução de 4,45% no preço dos botijões de gás de 13kg nas refinarias.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas Comunicação apresentou deflação em abril, com variação de -0,07%. Os preços de transportes tiveram variação zero. Já os demais grupos vieram com alta, variando de 0,08% a 0,91%.

Questionado sobre o motivo pelo qual a população reclama da alta de preços, mesmo diante de uma inflação baixa, Gonçalves esclareceu que essa percepção está relacionada aos hábitos de cada consumidor.

“Cada família sente de uma forma [o efeito da inflação], porque tem uma cesta de consumo diferente”. Ele explicou que o IBGE avalia os preços de aproximadamente 370 itens e que é a média dos preços destes itens que formam o índice.

Itens que mais subiram em abril:

  • Cebola: 19,55%
  • Mamão: 16,92%
  • Morango: 14,73%
  • Peixe Pacu: 14,58%
  • Couve-flor: 9,74%

Itens que mais caíram em abril:

  • Banana-maça: -9,36%
  • Peixe cavala: -8,38%
  • Limão: -7,99%
  • Peixe anchova: -5,93%
  • Peixe serra: -5,82%

Conta de luz deve pressionar inflação em maio

O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.

Para cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados no período de 30 de março a 27 de abril de 2018 (referência) com os preços vigentes no período de 02 de março a 29 de março de 2018 (base).

Para a composição do IPCA de maio, o pesquisador adiantou que haverá pressão do aumento nas contas de luz, já que está em vigor a bandeira amarela, que acrescenta R$ 1 a cada kWh consumido.

“Além disso, teremos ainda a inclusão [no levantamento mensal feito pelo IBGE] de três novas áreas que são Rio Branco, no Acre, São Luís, no Maranhão, e Aracajú, em Sergipe”, destacou Gonçalves. Ele esclareceu que o ingresso destas três áreas na pesquisa irá redistribuir o peso das regiões Norte e Nordeste na composição do índice nacional.

INPC foi de 0,21% em abril

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para reajustes salariais, apresentou variação de 0,21%, após ter registrado taxa de 0,07% de fevereiro. No ano, o acumulado foi de 0,69%, também o menor nível para um mês de abril desde a implantação do Plano Real. No acumulado dos últimos doze meses, o índice foi de 1,69%, ficando acima do 1,56% registrado nos 12 meses imediatamente anteriores.

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