Os últimos anos significaram uma verdadeira transformação digital no que diz respeito à utilização de meios de pagamentos mais ágeis e sem a necessidade de compartilhamento de objetos. O PIX é exemplo disso. Criado em novembro de 2020, o PIX registrou uma forte e rápida adesão dos brasileiros e já é o meio de pagamento mais utilizado no dia a dia no país. Ultrapassando até mesmo o cartão de débito e o dinheiro em papel. O dado faz parte da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae. De acordo com o levantamento, as modalidades de pagamento mais utilizadas pelos brasileiros no dia a dia são: PIX (67%, com crescimento de 27 pontos percentuais comparado a 2021 e sobretudo entre os mais jovens), cartão de débito (42%, principalmente entre os mais velhos), cartão de crédito (35%, com destaque na classe A/B) e dinheiro (22%, com queda de 18 pontos percentuais frente a 2021).
A preferência pelo PIX é justificada para 62% dos usuários pela rapidez e a praticidade, seguido do fato do valor ser transferido na mesma hora (49%) e não pagar taxas e tarifas (32%).
O levantamento aponta ainda um expressivo crescimento no número de consumidores com contas em bancos. De acordo com o levantamento, o percentual de internautas brasileiros que possui esse serviço alcançou 96% em 2022. No levantamento de 2021, o percentual era de 86% − um avanço de 10 pontos percentuais entre as pesquisas. Nas classes A e B, o percentual chegou a 99%, enquanto nas classes C, D e E, foi de 95%.
A maioria dos entrevistados (65%) possui conta em bancos com agências físicas e, ao mesmo tempo, mantém conta em banco digital. Mas também há um percentual que tem conta apenas em banco com presença física (16%) ou apenas em banco digital (16%).
A pesquisa mostra que a maior parte dos internautas que possuem conta corrente têm desconto de tarifas bancárias na conta mais utilizada. O percentual dos correntistas tarifados é de 65%, sendo que as principais tarifas são de manutenção da conta (34%); saque de dinheiro em espécie no caixa eletrônico (30%) e transferência de recursos (26%).
Transações eletrônicas à vista superam o dinheiro em papel. Pagamento instantâneo ganha espaço nas compras online e no pagamento de contas de consumo
De acordo com o levantamento, 98% dos consumidores costumam fazer pagamentos à vista, isto é, quase totalidade. Nos pagamentos à vista, em que a quitação da compra ocorre na hora, o meio que os internautas mais costumam utilizar é o PIX, citado por 88%. Em seguida, aparece o cartão de débito (78%) e, em terceiro lugar, o dinheiro (72%). Na comparação entre as últimas pesquisas, houve um crescimento do PIX, citado por 70% em 2021, e do cartão de débito (66% em 2021). Com o crescimento do cartão de débito, o dinheiro passou da segunda para a terceira colocação.
Além dessas formas campeãs de pagamento à vista, os entrevistados também costumam utilizar: boleto à vista (44%); transferências bancárias (39%); e débito automático (36%). QR Code e Whatsapp foram citados com percentuais maiores do que os observados no ano passado. O pagamento com QR Code passou de 18% para 33%; já o pagamento pelo aplicativo de mensagem passou de 4% para 7% − uma modalidade ainda incipiente.
O uso das carteiras digitais, ou contas de pagamento, como Paypal, Pag Seguro, Moip, Pic Pay, Mercado Pago, Samsung Pay, Apple Pay etc, também vem crescendo: passou de 32% para 55%. Essas contas são providas pelas chamadas Instituições de Pagamento e têm as funções básicas de uma conta corrente, mas não são consideradas como tal pela regulação.
Com relação ao pagamento a prazo, a pesquisa aponta que 71% também costumam utilizar essa forma de pagamento. E nesse caso, o cartão de crédito lidera, mencionado por 67%. O crediário aparece em seguida, citado por 14%. Em desuso, o cheque pré-datado foi citado por apenas 2%.
Os pagamentos a prazo mostraram-se menos importantes como formas utilizadas no dia a dia. De acordo com a pesquisa, 36% elencaram uma modalidade a prazo entre as duas mais utilizadas. E, nesse caso, o cartão de crédito lidera, mencionado por 35%. O crediário aparece citado por apenas 1%.
O que determina, afinal, a preferência por uma modalidade de pagamento? Entre os que citaram o pagamento através de cartão de débito entre os mais utilizados no dia a dia, a principal justificativa foi a praticidade, citada por 47%. Em seguida, aparece a aceitação nos estabelecimentos (28%).
No caso do PIX, o principal motivador é a rapidez e a praticidade, mencionadas por 76%. O motivo segurança foi o segundo mais citado (20%), apesar da queda com relação à 2021 (32%), provavelmente relacionada a casos de fraudes e golpes.
Para aqueles que citaram o dinheiro entre as modalidades mais utilizadas, a praticidade e a rapidez também apareceram com destaque, citadas por 27%.
No caso do cartão de crédito, os principais motivos são o prazo maior para o pagamento (52%) e a possibilidade de parcelar as compras (39%).
“Esses dados mostram, em suma, que o brasileiro está habituado a pagar de diversas formas. E, como se pode supor, para cada tipo de compra, existe uma modalidade mais utilizada. Por isso os estabelecimentos comerciais devem ficar atentos à tendência de digitalização dos meios de pagamentos. O consumidor quer praticidade, segurança e rapidez”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Modalidades de pagamentos mudam de acordo com o tipo de estabelecimento. Nas lojas físicas lideram os cartões de débito, no virtual o cartão de crédito é o preferido
A pesquisa segmentou as modalidades mais usadas por tipo de estabelecimento. Nas lojas físicas, o cartão de débito lidera, citado por 36% como a modalidade mais usada; em seguida, aparece o cartão de crédito (31%), o PIX (14%) e o dinheiro (12%).
Nas compras em lojas online, o cartão de crédito passa na frente, citado por 41%. Atrás do cartão vem o PIX (28%) e o cartão de débito (10%). Entre 2021 e 2022, a pesquisa constatou um crescimento de 10 pontos percentuais do PIX como meio utilizado nas lojas virtuais. Em 2021, essa modalidade foi citada em apenas 6% das compras online. Em contrapartida, o uso do boleto nas compras online caiu, passando de 16% para 4%.
No pagamento de contas de consumo, como água, luz e telefonia, o PIX também ganhou espaço, tornando-se a modalidade mais citada. Em 2021, 6% citaram o pagamento instantâneo como meio de pagamento utilizado para as contas de consumo. Em 2022, esse percentual passou para 20%. O dinheiro, antes citado por 33%, passou a ser mencionado por 17%, ficando na segunda posição. Já o débito automático foi citado por 13%.
PIX é utilizado principalmente para transferência entre amigos e parentes
Criado em novembro de 2020, o PIX registrou uma forte e rápida adesão dos brasileiros. A pesquisa mostra que, mesmo entre os consumidores que não citam o PIX entre as formas de pagamento mais utilizadas, quase a totalidade (98%) tem uma chave de PIX cadastrada. O percentual está acima de 90% para todas as aberturas analisadas no estudo: sexo, idade e classe.
O PIX é utilizado sobretudo para as transferências de recursos, substituindo as TEDs e DOCs. A pesquisa mostra que 83% utilizam essa forma para transferir recursos para amigos e parentes. As compras na internet (52% no geral, aumentando para 58% entre os jovens e para 58% entre as classes A e B) e em supermercado (48%) e o pagamento de prestadores de serviços (47%), restaurantes (39%) e consultas médicas (21%), foram outros exemplos de usos do PIX. Vale destacar que, em 2021, 31% citaram os pagamentos de compras feitas pela internet através do PIX.
Entre os usuários do PIX, apenas 1% afirma que usam esse meio raramente. A maioria (58%) diz utilizar sempre ou às vezes (41%). Entre os mais jovens, com idade entre 18 a 34 anos, 66% utilizam o PIX sempre. Se transferir através do PIX parece ser um bom negócio, melhor ainda é receber: de acordo com o levantamento, 96% recebem pagamentos através do PIX. Entre os que recebem por PIX, 44% afirmam receber sempre e 53% afirmam receber às vezes.
Entre aqueles que têm o PIX cadastrado e ainda não utilizaram, 28% alegam que a maioria dos estabelecimentos não oferece esse tipo de pagamento. O medo de clonagem e roubo de dados foi citado por 23%. Além desses, 9% afirmam não considerar confiável.
Internautas que não utilizam QR Code e Whatsapp para pagamentos alegam que estabelecimentos não aceitam as modalidades
Outras novidades no mercado de meio de pagamentos é a disponibilização de QR Codes. A pesquisa investigou os motivos da relutância no uso dessa modalidade. O mais mencionado foi, segundo os entrevistados, o fato de a maioria dos estabelecimentos não aceitar essa forma (45%). Outro motivo importante foi a dificuldade para saber como essa modalidade funciona (12%), além do medo de clonagem e roubo dos dados (12%).
Entre os que ainda não utilizam, seis em cada dez (60%) mencionam a maior aceitabilidade e 38% um maior conhecimento sobre essa forma de pagamento. Além desses, para 29%, uma motivação para uso seria a maior segurança.
Por fim, a pesquisa mostra que, entre os internautas que não utilizam o Whatsapp como meio de pagamento, o desconhecimento sobre essa possibilidade não pode ser apontado como motivo: 90% sabem que essa modalidade existe, mas não a utilizam.
Entre os motivos citados por esse público, mais uma vez se destaca o fato de que a maior parte dos estabelecimentos não aceita, citado por 37%. Ocorre que alguns, mesmo conhecendo a existência da modalidade, julgam ter pouco conhecimento a respeito do funcionamento. Esse motivo foi citado por 35%. Além desses, 35% não consideram essa forma confiável e 32% não têm interesse ou necessidade. O receio de clonagem de dados foi citado por 31%.
Mais conhecimento sobre como funciona o pagamento por Whatsapp poderia fazer 61% dos que não utilizam mudar de ideia. A maior segurança poderia motivar 57% e a maior aceitação pelas lojas também poderia funcionar para 52%.
METODOLOGIA
Público-alvo: população internauta residente nas capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos.
Método de coleta: pesquisa realizada via web.
Amostra: 800 casos, com margem de erro de 3,0 pontos percentuais.
Data de coleta: de 15 a 22 setembro de 2022.