Pesquisa feita com comerciantes aponta que 72% deles acreditam que teriam queda nas vendas se o número de parcelas sem juros no cartão de crédito fosse limitado. As discussões sobre o parcelamento estão sendo feitas pelo Banco Central com representantes do varejo, bancos e cartões de crédito. A reportagem é do UOL Economia.
Pesquisa indica que limitar o número de parcelas pode afetar as vendas. É o que sete em cada dez comerciantes acredita. O levantamento do Instituto Locomotiva foi feito nas cinco regiões do Brasil, em comércios formais e informais, com faturamento de até R$ 5 milhões.
Parcelamento sem juros incentiva compras e ticket médio de vendas é maior. Isso atrai consumidores que querem distribuir o pagamento ao longo de meses, sem pagar juros.
Outra pesquisa apontou que 77% dos consumidores dizem que comprariam menos se o número de parcelas sem juros fosse limitado. Seriam 117,8 milhões de pessoas reduzindo suas compras de produtos e serviços.
A pesquisa do Instituto Locomotiva foi feita entre os dias 30 de agosto e 22 de setembro de 2023 com 800 comerciantes. Foi encomendada pela Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Afrac (Associação Brasileira de Tecnologiapara o Comércio e Serviços), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material deConstrução) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Limite de parcelas e juros do rotativo
Limitar os juros do rotativo e o número de parcelas sem juros no cartão pode ser uma solução para o setor. A fala foi feita ontem pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan em evento sobre meios de pagamentos em Brasília. “A discussão do parcelado sem juros e o limite dos juros no cartão de crédito andam de mãos dadas no Brasil”, disse o número 2 da Fazenda.
O Ministério da Fazenda ainda faz estudos sobre o assunto. Durigan deixou claro que o governo tem escutado o setor, sem ainda ter uma posição formada sobre o tema.
“Talvez uma solução de composição, que limite dos dois lados, traga equilíbrio para o mercado e a gente vire a página possa ser a melhor saída, mas eu gostaria de ouvir o Banco Central e os setores. A Fazenda não tem uma posição fechada”, disse o Secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.
Discussão sobre limite de 12 vezes em parcelas sem juros
O Banco Central colocou em negociação com o setor privado proposta para limitar a 12 o número de parcelas sem juros em compras no cartão de crédito. A informação é do presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, à Reuters.
O BC também quer estabelecer um teto para a tarifa cobrada no uso das “maquininhas”. Isso é uma uma tentativa de baixar os juros do crédito rotativo do cartão de crédito.
O CMN (Conselho Monetário Nacional) tem 90 dias para definir o limite de juros do rotativo do cartão. O prazo foi estabelecido em lei, aprovada pelo Congresso no início deste mês. A taxa média cobrada na modalidade está em 445,7% ao ano.
Caso não seja encontrada uma solução no prazo, a lei define que a taxa do rotativo não poderá exceder o valor original da dívida, o que representa juros totais de 100%. Durigan voltou a dizer que a solução provisória é equilibrada. “A solução que saiu do Congresso endereça, canaliza a pressão política, que é grande, por uma solução técnica”, disse.